Kianda

sábado, janeiro 20, 2007

Num cemitério


Depois de horas inteiras, dois olhinhos estreitos saem do devaneio manual e agulha e linha saltam para a sacola. Os dedos doem, as costas gemem, as pernas reclamam.
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Ela passa o tempo todo ali, quieta, distante, sozinha, no banco sob a árvore, fazendo crochê e resguardando a vida.
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Quando a noite escurece a vista, volta para casa. Só então abre a campa e hermetiza o sono dos justos.
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Érica Antunes
erica.antunes@gmail.com