Kianda

quinta-feira, março 15, 2007

Quaresmeiras

Elas não são como os ipês, que despejam tapetes. Tão donas de si que me vêm à memória os indicadores da velha para cima e para baixo: cada um é cada um. Pura verdade. E fico olhando o nada no meio daquela explosão de flores, como se assim, sorrindo para o vazio, encontrasse a resposta para tudo.

Quase invejei as quaresmeiras intactas, misturando roxos ao inesperado azul de março. Variei entre gente e bicho. A velha e seus dedinhos e a minha pequenez diante do mundo. Apanhei três florezinhas e guardei no meio de um livro. Um dia, irão parar nas mãos certas. Um dia, amém, essas mãos vão entender a extensão da ternura.

Às vezes, penso nas entrelinhas. E todas as perguntas que me faço no vazio se tornam cheias feito aquele ditado chinês do tambor. O caminho para casa é miniatura da vida: a gente nasce, cresce, envelhece e morre. Excesso de idéias dá nisso e a culpa é das quaresmeiras empetecadas.

Mas que lindas!


Érica Antunes
erica.antunes@gmail.com

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