Entre os dedos das mãos
prender um momento
entre os dedos das mãos,
seria o modo como minha mãe
joga a cabeça para trás
quando sorri:
pura poesia de viver.
.
O tempo então se converte
na blusa que amarro à cintura
para não perder a hora.
Ouço os mantras e,
sem que para isso atine,
o rosto molha e o peito chia
num descompasso absurdo.
.
Olho uns olhos nunca vistos
e neles o retrato
de um passado que não tive:
.
É a manteiga no pão
o pastel da feira,
o passarinho na gaiola,
o estilingue do menino.
.
É a viva cor da rosa
em seu espanto de existir
e a certeza de um futuro
para além do jardim.
.
Guardo da minha mãe
a eternização do sonho,
a consciência de que o retrato
é mais que a fotografia.
.
.
Érica Antunes
1 Comments:
At 1:36 AM, Rosely Zenker said…
To gostando de ver. Textos bons, blog sempre atualizado, fotos de cair o queixo...
Sou frequentadora assídua, viu?
bjs
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